12 de setembro de 2008

CONVERSA COM EMPRESÁRIOS


Leitora de Rubem Alves, divido com vocês o texto "Conversa com Empresários". Nele o autor, sempre de forma delicada, aponta os movimentos, ou fases, vividos pelas empresas nas últimas décadas.

"A filosofia das empresas passou por três fases.

A primeira é representada pelo filme Tempos Modernos, de Chaplin - em que a única coisa que interessava às empresas era o lucro: nenhuma preocupação com a vida dos empregados, que eram tratados como engrenagens de uma máquina; nenhuma preocupação com o meio ambiente, que podia ser degradado impunemente. É a empresa 'máquina'.

A segunda fase está descrita no livro The Organization-Man, de Whyte Jr. - em que a empresa descobre a importância de que seus empregados se sintam bem dentro dela. Fazem-se todos os esforços no sentido de que eles tenham relações harmoniosas entre si e se identifiquem afetivamente com os interesses da empresa. A empresa deve ser o mundo do empregado e a imaginação do empregado deve estar restrita ao mundo da empresa. É a empresa 'família', auto-suficiente e fechada em si mesma.

A terceira fase, que é a que estamos vivendo no momento, se caracteriza por uma revolução de valores. Se, na primeira e na segunda fases a empresa olhava para o mundo exterior apenas como 'mercado', isto é, lugar do lucro, agora ela olha para o mundo exterior como um espaço de vida de que é preciso cuidar. Às relações comerciais agrega-se agora uma dimensão ética: o cuidado com o meio ambiente, a cultura, a educação, o bem-estar, não só dos empregados mas de toda a comunidade que a cerca.

A empresa se descobre como companheira, junto com outros homens, de um espaço comum que deve ser objeto de cuidado, pois o que está em jogo é a qualidade de vida. É a empresa 'cuidadora' ou, se quiserem, numa linguagem poética, empresa "jardineira"...

Gosto da imagem da jardinagem como metáfora para essa relação de cuidado com o meio ambiente e com as relações entre as pessoas. Isso quer dizer que, ao lado do motivo financeiro 'lucro' as empresas estão trabalhando sob motivos éticos.

Penso que os empresários, como "regentes de orquestra", poderiam pensar um programa educativo para os seus 'músicos' em três movimentos:

Primeiro movimento: 'A empresa: lugar bom de se viver'.

Segundo movimento: 'A empresa: lugar bom de se pensar...'.

Terceiro movimento: 'A empresa: cuidadora do mundo'
."

Imagem: http://blogdagi.files.wordpress.com/2008/06/rubem.jpg

2 comentários:

Unknown disse...

Dani,
Já havia visitado o Dimensão Humana, mas não deixei nenhum comentário.
Estás de parabéns pelo blog é muito bem feito, assim como o 'Barriga on line'. Consigo sentir, na maneira como escreves aqui é lá, que fazes tudo com carinho, da melhor maneira que puderes.
Parabéns, e continue assim!
Tá perfeito.
Beijos
Priscila

Unknown disse...

Esqueci de dizer, também sou fã de Rubem Alves! Gosto muito de tudo que ele escreve. Aliás, a citação que coloquei lá no blog, sobre o post de hoje a respeito da música, é dele: "Cantar é outra forma de orar".
Beijos
Priscila