
Tempos Modernos, último filme mudo do diretor e ator Charles Spencer Chaplin, tornou-se um clássico na história do cinema, retratando a vida urbana nos Estados Unidos após a crise de 1929 que levou boa parte da população ao desemprego e à fome.
Hoover, presidente dos Estados unidos no período da crise, desconsiderou as necessidades da camada mais pobre da população, tentando ajudar as grandes empresas capitalistas, atitude que intensificou a luta das classes. Em 1932, já tendo como presidente Roosevelt, os Estados Unidos ganhou o New Deal, plano de recuperação da economia e combate ao desemprego.
É neste contexto que Carlitos, célebre personagem de Chaplin, vive as aventuras de um operário de uma grande indústria, que mais tarde transforma-se em um líder grevista.
Focalizando a vida da sociedade industrial da época, o filme reproduz, de forma cômica, a filosofia taylorista, baseada na produção, no estudo dos tempos e movimentos, no quadro de tarefas e no desenho de ferramentas. A administração científica de Taylor, que destruía a iniciativa pessoal do empregado, reduzindo-o a condição de engrenagem, foi inusitadamente desnudada por Chaplin.
Com toda sua singularidade, neste roteiro Chaplin trouxe à tona a minimização dos aspectos psicossociais da condição humana da época, bem como o esgotamento físico decorrente da ânsia do operário em finalizar sua tarefa em um tempo inferior ao previsto, a fim de aumentar seus rendimentos.
Através de cenas bem humoradas, temperadas com certa acidez, Chaplin revelou um operário robotizado, que não ia além de um apêndice da máquina, um mero executor de processos para ele desconhecidos. A alienação da atividade e do objeto acabava por destituir o sujeito, agora um “homem aniquilado”, escravizado pela máquina.
De forma geral, o filme é uma crítica à modernidade, ao capitalismo, à industrialização e à desigualdade social
Acredito que Tempos Modernos, mais que uma crítica às transformações sociais e culturais oriundas da Revolução Industrial ocorrida no século XVIII, bem como ao modo de produção fabril, revela-nos a ambigüidade do desenvolvimento econômico-financeiro, que não traz a salvação dos problemas humanos. Escravizado e aniquilado pela técnica, o homem perde sua identidade funcional, tornando-se “pobre de espírito”, incapaz de ações criativas e vulnerável às doenças laborais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário