10 de julho de 2007

BREJO ESTOMACAL


Nojento! Essa é minha definição para sapo. Mole, viscoso, úmido, frio... Argh! Só de pensar no batráquio sinto arrepios. E se a questão, então, for engolir o bicho?


Certa vez li um artigo que dizia que engolir sapo era uma arte. Eu discordo!


“Engolir sapo”, expressão muito usada no meio corporativo, significa ser submetido a uma situação desagradável, sem tomar nenhuma atitude, seja por conveniência ou por incapacidade. É engolir, sem mastigar, algo bastante indigesto.


Muitos são os motivos pelos quais engolimos sapos, rãs e girinos, mas o maior deles, em minha opinião, é o medo. Medo de perder o emprego, medo de nos indispormos com o gerente ou com os colegas, medo de comprometermos nossa imagem, medo de nos posicionarmos, medo de sair de nossa zona de conforto.


Quando nos calamos frente ao que nos desagrada, aceitando comportamentos ou discursos com os quais não concordamos, somos desonestos. Desconsideramos nossas crenças, valores e sentimentos, perdendo, assim, a saudável oportunidade de sermos assertivos.


Muitas das doenças do trabalho advêm dessa atitude (ou falta dela), que tende a se proliferar em ambientes autoritários, negativamente competitivos, e que não promovem o diálogo franco entre as pessoas. Em organizações desse tipo os empregados cultivam verdadeiros brejos estomacais.


Ao incentivar a comunicação entre os profissionais a empresa contribui para a cultura do trabalho colaborativo, que resulta na troca de informação, de conhecimento, de esclarecimento (sempre necessário), apoiando o relacionamento interpessoal. A alta performance das equipes de trabalho também é resultado de uma comunicação transparente, objetiva e honesta. Pessoas esclarecidas são pessoas comprometidas, e saudáveis.


Em nossa vida profissional é inevitável engolir uns girinos de vez em quando, mas daí o anfíbio se transformar em nossa principal refeição... É ruim para o paladar e para a saúde!


Os índios acreditavam que se comessem seus prisioneiros tomariam para si toda a sua força e poder. Se funcionava com os índios eu não sei, mas que engolindo sapo a gente vai adquirindo suas características isso é verdade: saltamos de raiva, ficamos próximos do chão e adquirimos um coaxar, ou melhor, um discurso monótono.


Imagem: Getty Images

Um comentário:

Pensativa disse...

Adorei o seu texto Daniela..

é a mais pura verdade.. engolir sapo é o medo de falar o que pensa, então as pessoas ficam caladas e perdem a oportunidade de serem elas mesmas. E incrivel como as pessoas se calam diante daquilo que é desconhecido.. é imporntante ouvir, mas também dar a sua opinião.

Engolir sapo não deve ser rotina.. mas um limite para aquilo que se deve ou não fazer.

beijoss..
Otima quinta!!

Anna C.